sábado, 22 de maio de 2010

Cercas Vivas, parte 1

Além do indiscutível efeito decorativo, as cercas vivas têm duas funções primordiais no paisagismo: delimitar espaços e proteger. Ambas as funções têm um sentido abrangente, que oferece diferentes maneiras de utilização, de acordo com a necessidade de cada um.

Privacidade e proteção
A privacidade, o conforto e a segurança são os anseios mais freqüentes quando se pensa em utilizar cercas vivas, seja em jardins residenciais, como em empresariais ou fazendas. Para evitar olhares curiosos,ou ainda manter a privacidade de uma casa em relação a casa vizinha,o ideal é uma cerca viva bem fechada.Já as visitas não autorizadas são repelidas quando o paisagismo é rodeado por espécies cheias de espinhos e de ramos entrelaçados.
Exemplos: Sansão do campo(Mimosa caesalpinoideae)Tem flores branquinhas 8 meses por ano. Os espinhos são abundantes, cerca de 300 por m². Os troncos ficam bem grossos. O fechamento físico é total e segura até mesmo o gado. Tem o efeito de um muro, com 3 metros de altura, por 50 centímetros de largura. Visualmente fica indevassável, desde o chão. A vida útil ultrapassa 50 anos e a planta não é tóxica. É muito resistente ao fogo, mas sendo vítima de incêndio, rebrota imediatamente e refaz-se em menos de 1 ano. Podem ser plantadas 7 mudas de 40 cm por metro linear.
Primavera (Bougainvillea spectabilis) Quando adulto esse arbusto escandente e espinhento pode atingir de 5 a 10 metros de comprimento. A primavera é uma planta muito rústica, que necessita de poucos cuidados e se adapta a diversos tipos de clima; sendo, inclusive, bastante resistente a mudanças bruscas de temperatura. É certo, porém, que os coloridos mais vibrantes e intensos desta planta são encontrados em locais de clima quente e úmido. Pode ser plantado 1 exemplar de 1 m por metro linear.

Delimitação de áreas
Esta é a mais ornamental das funções de uma cerca viva. Alem de indicar os caminhos por onde passar no gramado, uma fileira baixa de plantas floridas ou belas folhagens pode criar um ponto de destaque no jardim, dividindo as áreas, como por exemplos: separar a área social da área de serviço, da garagem, o jardim em dois ou mais ambientes, sem, no entanto barrar a visão entre os espaços.
Exemplos: Buxinho (Buxus sempervirens) Arbusto provido de textura lenhosa, de crescimento muito lento, alcançando de 2 a 5 m de altura. É uma das plantas mais utilizadas na topiaria. Utilizado com freqüência como planta para bordadura de jardins, muros, e mantida sempre podada, proporciona um belo efeito ornamental. Podem ser plantados 5 a 7 exemplares de 20 cm por metro linear.
Azaléia (Rododendron x simisii) Porte de até 1,5 m.Um dos segredos do seu sucesso é que a floração ocorre justamente nos meses de inverno e traz um pouco de colorido num período em que a maioria das plantas encontra-se em repouso. Outro segredo é que a azaléia é uma planta relativamente rústica e resistente: suporta com bravura certas condições bem adversas e, por isso, é muito usada em jardins e praças públicas. Podem ser plantados 2 exemplares de 50 cm pó metro linear.

Barra vento
Para barrar o vento que atrapalha sua propriedade, combine fileiras de diferentes espécies e tamanhos. Exemplos: Kaizuka (Juniperus chinensis’Kaizuka’) Atinge ate 6 m de altura. Exemplares com 1,8 m de altura podem ser plantados com 3 a 5 m uns dos outros.
Podocarpo(Podocarpus lambertii) Atinge até 10 m; mudas de 1,5 m podem ser plantadas a 3 m uma das outras.

Anti-ruido e Redução de poluição (partículas)
Quanto maior o nível de ruído e pó, mais larga deve ser a cerca viva, chegando a formar uma cortina espessa com 2 a 3 m de profundidade. Plante as espécies em fileiras intercaladas.
Exemplos:Dracena (Dracaena fragans ‘ Massangeana’)Como uma fechada cerca viva anti-pó e ruído, a dracena atinge até 6 m de altura e gosta de sol pleno.Plante 2 mudas de 1 m por metro linear.Ela leva 3 anos para atingir o porte adulto e combina muito bem com jardins tropicais.Como é uma espécies rústica,exige pouca manutenção e apenas adubações anuais.
Murta(Murraya paniculata) A murta é um arbusto grande ou arvoreta, que pode alcançar até 7 metros de altura. Muito utilizada para a formação de cercas-vivas, a murta apresenta ramagem lenhosa e bastante ramificada. Durante todo o ano produz inflorescências terminais, com perfume que lembra jasmim e flor-de-laranjeira. Podem ser plantados 3 a 4 exemplares de 1 m por metro linear.
As cercas vivas são apropriadas também para esconder áreas ou estruturas feias no jardim, tais como: casas de máquinas, pequenos depósitos, composteiras, muros, lixeiras, etc. Um exemplo para estes fins é Fórmio (Phormio tenax), que atinge até 3 m de altura. É versátil e muito rústico, adequando-se perfeitamente a jardins de estilo tropical, contemporâneo ou de pedras. Seu efeito é um tanto expressivo e deve ser usado com moderação e bom senso, para não tornar o jardim cansativo.
Toda cerca - viva requer um tempo para se fechar por completo e isso depende do tipo de solo, de boa e adequada adubação e de tratos culturais a serem empregados, dependendo do tipo da planta. Seu paisagista ou agrônomo saberá avaliar as necessidades e indicará o melhor procedimento, além de saber explorar as funções básicas das cercas vivas, criando efeitos secundários, como orientar os pedestres pelos caminhos, destacar áreas ou elementos, atrair a fauna silvestre, adicionar movimento, textura, volume, contraste, estilo e perspectiva, entre outros aspectos não menos importantes que podem ser criados ou melhorados para o bem-estar e a satisfação dos utilizadores do jardim.

Na parte 2 falarei sobre a forma correta de plantar e da poda, que irá determinar a visual de sua cerca viva.

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